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O Estudo da Angelologia

Introdução
Os anjos existem? São eles seres reais? Estas perguntas têm sido feitas por diferentes pessoas em diferentes lugares e em diferentes épocas. Evidentemente os anjos existem; o que eles são e fazem é mostrado ao longo das Escrituras.

A Natureza dos Anjos
Os anjos são parte especial da criação de Deus. Conhecê-los e estudar sobre o ministério que Deus lhes confiou a se desincumbirem, constitui-se numa fonte de riqueza e de bênção para a vida do crente.

1. Os Anjos Foram Criados
O plano criador levado a efeito por Deus jamais poderá ser compreendido a contento pelo homem. Entre as muitas coisas criadas por Deus, destacam-se os anjos. Sim, os anjos não são eterno como Deus, nem auto-existentes, mas criados, como criadas foram as demais coisas (Ne 9.6; Cl 1.16). Expressões, tais como “exércitos dos céus”, “soberanias”, “principados” e “potestades” (Cl 1.16), são expressões figuradas, geralmente aplicadas na Bíblia aos anjos. A Bíblia não dá qualquer resposta definindo quanto ao tempo em que os anjos foram criados. Ele dá a entender apenas que eles foram criados num princípio remotíssimo. Quando foi esse princípio, ninguém jamais foi capaz de descobrir. Do meio do redemoinho pergunta o Senhor a Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra… quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e jubilavam todos os filhos de Deus? (Jó 38.4,7) Que Jeová se refere aqui à criação universal, está perfeitamente claro. Portanto, quando Ele criou as demais coisas, os anjos já existiam, e estes ao contemplarem as maravilhas da criação, se rejubilavam. A Bíblia fala dos anjos indicando-os como uma companhia inumerável, literalmente miríades (Hb 12.22; Jó 25.3; Dt 33.2; Ap 5.11; Dn 7.10). Multidões de anjos apareceram na noite do nascimento de Jesus, bradando de alegria face às perspectivas de esperança de salvação que desciam sobre a terra (Lc 2.13). “Quão vasto é o número deles, somente o sabe aquele cujo nome é Jeová-Sabaote, o Senhor dos Exércitos” (Teologia Elementar – Emery H. Bancroft – Imprensa Batista Regular – Pág. 274). Como criaturas de Deus, os anjos não devem ser adorados (Cl 2.18,19; Ap 19.10; 22.8,9), pois estão sujeitos ao senhorio de Jesus Cristo (Ef 1.20,21; Cl 2.10; Fp 2.9-11).

2. Os Anjos São Espíritos
A Bíblia designa os anjos como “espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.13,14). O fato de terem sido criados essencialmente espíritos, não nega a possibilidade de sua materialização. Isto é, os anjos podem assumir forma material à semelhança do homem. Deste modo eles se manifestaram a Abraão, Jacó, Daniel, Elias, Maria, Zacarias e aos pastores de Belém (Gn 18.1,2; 32.24,30; Dn 8.15,16; 1 Rs 19.5-7; Lc 1.11,26-28; 2.8,9). Falando do estado espiritual dos ressuscitados, Jesus disse que eles serão como os anjos, “nem se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30). Certamente que muitas especulações têm surgido em torno da questão se os anjos se casam ou não, e, se não se casam, por que não o fazem. Alguns comentadores, erroneamente, têm usado Gênesis 6.1,2 para mostrar que os anjos se casam. Segundo eles, “os filhos de Deus” mencionados no texto, são os anjos de Deus que, cobiçando a formosura das filhas dos homens, tomaram-nas por mulheres. Face à época em que esse fato ocorreu, conforme sugere o texto, a expressão “filhos de Deus”, alude aos descendentes de Sete (Gn 4.25,26), com os quais Deus tinha um concerto; enquanto que “filhas dos homens” indica os descendentes de Caim, símbolo de desgraça e perdição (Is 43.6). Quanto à questão: por que os anjos não se casam? Uns são da opinião que esses seres não se casam por serem assexuados. Isto é, os anjos não possuem sexo. Outros afirmam que os anjos possuem sexo, mas não se casam porque a castidade faz parte da natureza angélica. Particularmente creio que os anjos são assexuados, pois se o sexo tem como finalidade a procriação e o prazer sexual, e se os anjos não procriam e têm todo o seu prazer no serviço de Deus a quem servem, por que careceriam eles de sexo? Assim a castidade faz parte da natureza angélica.

3. Os Anjos São Seres Inteligentes
Pela sublime tarefa que os anjos desempenham no tempo e no espaço, desde o princípio; e por aquilo que a respeito deles a Bíblia diz, a conclusão a que se chega é que os anjos excedem em muito em conhecimento e em sabedoria os mais brilhantes homens que a história humana já teve (2 Sm 14.17,20; Ez 28.1-5). Sem dúvida, os anjos foram criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve início em sua origem, continuando a se ampliar até os nossos dias. As oportunidades de observação que os anjos têm, e as muitas experiências que, nesse sentido, conforme podemos supor devem ter tido, juntamente com as revelações diretas da parte de Deus, devem ter-se adicionado grandemente ao acúmulo de sua inteligência original (Teologia Elementar – Emery H. Bancroft – Imprensa Batista Regular – Pág.272). Apesar de a Bíblia dizer que os anjos são mais inteligentes que Daniel (Ez 28.3), eles não são oniscientes. Eles não sabem tudo. Não são iguais a Deus em sabedoria. Jesus, particularmente, deu testemunho da limitação do conhecimento dos anjos, quando falou que eles ignoravam o dia da vinda do Filho do homem (Mc 13.32). Os anjos, sem dúvida, sabem coisas a, nosso respeito que desconhecemos. Devido ao fato de serem espíritos auxiliadores, usarão estes conhecimentos para o nosso bem e nunca para maus propósitos: Numa época em que se pode confiar a tao poucas pessoas informações secretas, é consolador saber que os anjos jamais divulgarão seu notável conhecimento para nos prejudicar. Ao contrário, utilizá-lo-ão para o nosso bem.

4. Os Anjos São Seres Gloriosos
Em razão do que são, fazem e do lugar onde habitam, os anjos são seres dotados de dignidade e glória sobre-humanas. Como seres gloriosos, os anjos fazem parte da manifestação da glória de Deus no decorrer de toda a narrativa bíblica, como por exemplo: no chamamento profético de Isaías, na visão de Ezequiel, e na visão apocalíptica de João (Is 6.1-4; Ez 1; Ap 5.11,12). Os anjos são como raios a refletirem a glória e o resplendor do próprio Deus. A Bíblia, em geral, parece sugerir que entre os anjos existem aqueles que detêm maior glória, isto em face das diferentes classes que somadas, formam as fileiras angelicais (Ef 1.21; Cl 1.16). Deste modo os anjos estão classificados na Bíblia como:

a) O anjo Arcanjo
O texto bíblico não fala de “arcanjos” no plural, mas simplesmente “arcanjo” no singular, palavra que na Bíblia só se aplica a Miguel, se bem que haja vestígios de que antes da sua queda, Lúcifer também era um arcanjo, igual ou talvez superior a Miguel, cujo nome significa: “o que é semelhante a Deus”. O prefixo arca em “arcanjo”, sugere um anjo-chefe, principal ou poderoso. Assim, Miguel é agora o anjo acima de todos os anjos, reconhecido como sendo um dos primeiros príncipes dos céus (Dn 10.13). Miguel é uma espécie de administrador angélico de Deus para o juízo (Jd v.9). Seu nome ocorre em diferentes lugares da Bíblia (Dn 10.13; 12.1; Jd v.9; Ap 12.7). É sugerido em 1 Tessalonicenses 4.16 que o arcanjo Miguel terá papel decisivo na ressurreição dos mortos e transformação dos vivos que comporão a Igreja triunfante no dia do arrebatamento dos santos.

b) Os anjos Serafins
Segundo opinião de alguns estudiosos das Escrituras, a palavra “serafim”, deve vir da raiz hebraica que significa “amor”. Outros, porém, são da opinião de que a palavra significa “ardente” ou “nobres”. A única referência bíblica aos serafins, encontra-se no livro do profeta Isaías (Is 6.3). De acordo com o registro de Isaías, existem vários serafins, uma vez que o profeta se refere a “cada um” e que “um clamava para o outro”. Deduz-se que a função dos serafins é a de louvar a Deus e de promover a sua santidade. A Bíblia mostra-os como estando acima do trono de Deus, enquanto que os querubins estão abaixo dele. Os serafins são apresentados na Bíblia como possuindo asas, rosto, pés e mãos (Is 6.2,6). No tempo da Lei, um dos serafins, com brasa viva tocou os lábios do profeta Isaías, o que o preparou para a sua missão (Is 6.7).

c) Os anjos Querubins
Os querubins são apresentados na Bíblia como seres reais e poderosos, e simbolizam, amiúde, as coisas celestes. Foi sob a direção de Deus que eles foram incorporados ao plano da Arca da Aliança e do Tabernáculo (Ex 25.17-22). Figuras deles foram utilizadas na decoração do templo de Salomão, em Jerusalém (1 Rs 6.23-28). Ezequiel os apresenta como sendo também “cheios de olhos”, circundados por “rodas dentro de rodas”. Nos Salmos 80.1; 99.1, lemos que Deus “está entronizado acima dos querubins”. Em Gênesis 3.24, a primeira referência aos anjos na Bíblia, os mostra guardando a árvore da vida no Éden.

d) O Arcanjo Gabriel
A Bíblia apresenta Gabriel como uma pessoa augusta. Ele mesmo falou a Zacarias da sua posição junto às hoste angelicais: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus” (Lc 1.19). Ele aparece quatro vezes na Bíblia, sempre trazendo boas-novas. Ele anunciou a Daniel a visão de Deus quanto a eventos futuros (Dn 8.15,16; 9.21,22). A ele coube o elevado privilégio de anunciar o nascimento de João Batista e o de Jesus (Lc 1.8-38). Por magníficos e gloriosos que sejam os seres angelicais, tornam-se obscuros diante da inexplicável glória de Cristo, o Senhor da glória, diante do qual hão de se dobrar todos os joelhos no Céu, na Terra, e debaixo da Terra.

5. Os Anjos São Poderosos
Não obstante desfrutem de muito maior poder do que o homem, os anjos não são onipotentes nem todo poderosos. Quanto à maneira de agir, os anjos são uma espécie de dinamites de Deus, e o que podem fazer, têm feito, e farão, está registrado no decorrer de toda a narrativa bíblica (Sl 103.20; Mt 28.2; 2 Sm 24.15,16; 2 Rs 19.35; Dn 10.12,13; At 12.7; Ap 20.1-3). A Bíblia ensina que os anjos são uma classe de seres criados superiores aos homens (Sl 8.5; Hb 2.5). Isso elimina duma vez a crença largamente difundida, segundo a qual os crentes que morrem, bem como as almas das crianças, se transformarão em anjos. Evidentemente, as almas dos crentes jamais poderão transformar-se em anjos, pois esses para sempre serão distintos dos seres humanos. O homem redimido em Cristo não é elevado à posição de um anjo, não. Em Cristo ele assumirá uma posição superior à posição dos anjos mais elevados. A soldadesca romana, com todo o seu aparato militar, foi incapaz de impedir que um só anjo de Deus removesse a pedra que fechava o sepulcro de Cristo, e o declarasse ressurreto dentre os mortos (Mt 28.2). O que os anjos são e fazem, o fazem com base no poder delegado por Deus, já que o poder, no sentido mais elevado, pertence única e exclusivamente a Deus, Todo poderoso. Contudo, Deus houve por bem dotar os anjos de poderes tais que, para os homens, muitas vezes parece assombroso.

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