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As Ordenanças da Igreja – IX

Apesar de possuir ordenanças, a Igreja não faz do ritualismo a sua alma e a sua vida. A essência do cristianismo é um novo relacionamento entre o homem e Deus, através do novo nascimento operado pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus.São duas as principais ordenanças dadas pelo Senhor Jesus Cristo à sua Igreja: o batismo em água, e a celebração da Santa Ceia do Senhor.

1. O Batismo em Água

O termo “batizar” comum ente significa mergulhar ou imergir. Apesar de indefinida a origem da prática batismal e da razão porque foi adotada pela Igreja cristã, a sua prática se faz algo imperioso quando analisadas as seguintes palavras de Jesus: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

a) A Fórmula do Batismo

Os inimigos da doutrina trinitária, com frequência, se insurgem contra a fórmula batismal dada por Jesus em Mateus 28.19. Por exemplo, citam o apóstolo Pedro dizendo: “… cada um de vós seja batizado em nome de Jesus” (At 2.38), para erroneamente afirmarem que a forma batismal bíblica é “em nome de Jesus”, e não “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Um escritor cristão do II Século põe fim à questão quanto à forma batismal cristã, quando escreve: “Agora, concernente ao batismo, batizai assim: havendo ensinado todas as coisas, batiza em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, em água viva (corrente). E se não tiveres água viva, batiza em outra água; e se não podes em água fria, então em água morna. Mas se não tiveres nem uma nem outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Editora Vida – Pág.22).

b) O propósito do Batismo

Uma vez que só o salvo pode ser batizado, o batismo não tem como finalidade a salvação do batizando. O ato do batismo se constitui num testemunho público de que aquele que a ele se submete foi regenerado pela fé em Jesus Cristo. Assim, pelo batismo, o novo crente dá prova de haver morrido para o mundo, estando pronto para ser sepultado e ressuscitado para uma nova vida em Cristo. No entanto, devemos compreender que se o crente, por uma circunstância inesperada, vier a morrer antes de ser batizado em água, a sua posição de salvo continua inalterada (Lc 23.42,43). Em circunstâncias normais, uma vez que o batismo não se constitui uma opção, mas uma ordenação divina, todos os que creem devem ser batizados.

2. A Ceia do Senhor

O Senhor Jesus Cristo começou o seu ministério terreno pelo batismo no Jordão, e o encerrou com a celebração da Ceia no Cenáculo. Ambos os fatos destacam o valor da Ceia do Senhor para a vida dos crentes hoje em dia.

a) O Propósito da Ceia

A Santa Ceia do Senhor tem por finalidade anunciar a nova Aliança (Mt 26.26-28), e se constitui um memorial, conforme ordem expressa do próprio Jesus (Lc 23.19). É uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho: Primeiro: A encarnação: Ao partir do pão, ouvimos o apóstolo João a dizer: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Segundo: A expiação: As bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser quebrantado na morte, a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos. O vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o qual é a sua vida, deve ser derramado na morte, a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas. Os elementos usados na Ceia (o pão e o vinho) nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é, ter “comunhão com ele”. Ao participarmos do pão e do vinho, na Ceia do Senhor, o ato nos recordae nos assegura que, pela fé, podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo do seu caráter.

b) Como Celebrar a Ceia

No ato da celebração da Ceia, Cristo deixou-nos o exemplo de como devemos ministrar. Todos os discípulos participaram do pão e do vinho, e esta fórmula foi repetida no ensino do apóstolo Paulo (1 Co 11.24-26). Por ser a Ceia do Senhor a maior festa espiritual da Igreja, interrompê-la com outros assuntos se constitui profanação. Este tipo de atitude representa, na verdade, falta de zelo para com as coisas de Deus. Se por um lado a reverência cristã condena o mero formalismo, ao mesmo tempo não pode aceitar que a Ceia do Senhor seja celebrada sem nenhuma solenidade, de modo relaxado e desprezível. Isto é profanar aquilo que é sagrado. Somos, igualmente, admoestados sobre o modo como devemos participar da Ceia do Senhor: “Examine-se pois o homem a si mesmo…” (1 Co 11.28). Portanto, erram clamorosamente aqueles que, ao invés de examinarem a si mesmos, ficam a investigar as outras pessoas.

c) A Atitude Correta Face à Celebração da Ceia

Em 1 Coríntios 11.24,26,28, o apóstolo Paulo chama a atenção do comungante da Santa Ceia do Senhor, para três direções que essa cerimônia o leva a olhar:

Primeiro: O olhar retrospectivo: Como memorial, todas as vezes em que celebrarmos a Ceia do Senhor, devemos fazê-lo com um olhar retrospectivo, – em direção ao Calvário, onde o Senhor, com o seu próprio sangue, pagou o preço exigido pelo resgate de nossas almas. O Calvário deve ser permanentemente o tema de nossas vidas!

Segundo: O olhar introspectivo: Este é o olhar interior, pessoal uma espécie de sondagem para saber como está a nossa vida diante do Senhor a quem celebramos quando participamos do pão e vinho. Que valor temos dado ao seu sacrifício. Em que posição nos encontramos concernente à nossa comunhão com o Salvador? Este é um dos propósitos Ceia do Senhor. Ela nos estimula a uma reflexão interior sobre os nossos passos na vida cristã.

Terceiro: O olhar expectativo: Finalmente, a Ceia do Senhor também um fator de esperança. Todas as vezes que dela participamos, nossa mente se volta para aquele glorioso dia quando nos assentaremos com o Senhor nas Bordas do Cordeiro (Maturidade Cristã N° 4 – 4° Trimestre – CPAD). O próprio Jesus Cristo assim se expressou: “E digo-vos que, desde agora que, desde agora, não beberei deste fruto da vide ate aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mt 26.29). Paulo, em outras palavras reiterou a mesma mensagem: “… anunciais a morte do Senhor até que venha” (1 Co 11.26).

X. A ADORAÇÃO NA IGREJA

A Igreja é conhecida basicamente como uma comunidade adoradora. Como “povo de Deus”, a Igreja leva consigo associações da sua redenção e do seu destino. Ela foi chamada por Deus para ser propriedade e herança exclusivamente dele. O apóstolo Paulo diz que “assim como [Deus] nos escolheu nele [no Senhor Jesus Cristo] antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade… predestinados… a fim de sermos para louvor da sua glória… em quem também vós… tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.4,5, 11-13).

1. A Natureza da Adoração na Igreja

Desse William Temple: “Adoração é o submetimento de todo o nosso ser a Deus. E tomar consciência de sua santidade; é o sustento da mente com Sua verdade; é a purificação da imaginação por sua beleza; é o apego do coração ao seu amor; é a rendição da vontade aos seus propósitos. E tudo isto se traduz em louvor, a mais íntima emoção, o melhor remédio para o egoísmo que é o pecado original”. Dentre tantas vantagens da adoração, como partes do culto da igreja a Deus destacam-se as seguintes:

-A adoração cria uma atmosfera de redenção.

-A adoração destaca o valor do indivíduo e sua responsabilidade.

-A adoração dá perspectiva à vida.

-A adoração dá ocasião ao companheirismo fraternal.

-A adoração educa.

– A adoração enriquece a personalidade e fortalece o caráter.

-A adoração dá energia para o serviço cristão.

-A adoração sustém a esperança de paz no mundo (Que Mi Pueblo Adore – Casa Bauistas de Publicaciones – Págs. 9-11).

2. Oração e Louvor

Dois tipos de oração são conhecidos no ensino e no exemplo da Igreja do Novo Testamento. Há a oração particular no lugar secreto da comunhão pessoal entre o crente e o Senhor, bem como a oração congregacional, feita conjuntamente por todos os crentes reunidos no lugar de culto. Deste modo a Bíblia fala de pessoas que oraram de forma individual, como de pessoas que oraram coletiva ou congregacionalmente. Jesus parecia estar ensinando a importância da oração congregacional, quando disse: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem ser lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.19,20). Através da oração, o louvor a Deus encontra a sua mais elevada expressão. Se oração é petição, rogo e intercessão, o louvor se constitui na mais refinada forma de adoração a Deus – veículo através do qual o crente expressa o seu reconhecimento pelos grandes benefícios recebidos de Deus, inclusive fazendo menção daqueles atributos divinos que, pronunciados, inundam de gozo a alma do crente.

3. Hinos e Cânticos Espirituais

Escreveu o apóstolo Paulo: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16). A Igreja Cristã nasceu em cânticos. Espera-se, pois, que o Evangelho cristão traga consigo para acena da história uma explosão de hinódia e dê louvor a Deus. Além disto, podemos argumentar que todos os antecedentes do aparecimento no mundo do Século I, nos levariam a esperar que a Igreja primitiva fosse uma comunidade de cântico de hinos. Podemos investigar os livros do Novo Testamento, tendo em mira descobrir ali a presença de semelhantes cânticos de adoração. As grandes religiões do mundo, com exceção o Cristianismo, não possuem hinos. Possuem apenas murmúrios de dor e lamentos. Como expressão de adoração, os hinos são uma exclusividade do Cristianismo. Na verdade a Igreja tem à sua disposição nada menos que quinhentos mil hinos. A Bíblia manda: “Está alguém alegre? Cante louvores” (1 Co 14.15). “Cânticos espirituais” se referem a fragmentos de louvor espontâneo que o Espírito Santo coloca nos lábios do adorador enlevado. Noutras palavras, é o que diz o apóstolo Paulo: “Que farei pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” (Tg 5.13).Há ainda hoje grande fonte de inspiração à disposição do crente no cântico, seja de hinos congregacionais, seja em cânticos espirituais.

4. Reafirmações da Fé Cristã

Quando a Igreja se congrega para cultuar a Deus, dentre outras coisas, ela reafirma os valores espirituais por ela esposados. Deste modo a Igreja é reconhecida como comunidade de fé, pregação e confissão. A Igreja primitiva esposava um corpo de doutrinas distintivas, conservado como depósito sagrado da parte de Deus. As referências a esta base de verdade Salvífica estão dispostas com uma plenitude de descrição e variedade de pormenores, embora não se deva forçar a evidencia para sugerir que houvesse qualquer coisa que se aproximasse dos credos posteriormente adotados. Os seguintes termos demonstram como os cristãos primitivos designavam o conjunto doutrinário que criam e esposavam:

“A doutrina dos apóstolos” (At 2.42).

“A palavra da vida” (Fp 2.16).

“A forma de doutrina” (Rm 6.17).

“As palavras da fé e da boa doutrina” (1 Tm 4.6).

“O padrão das sãs palavras” (2 Tm 1.13).

“A sã doutrina” (2 Tm 4.3; Tt 1.9).

Anos após os eventos redentores da Cruz e do Túmulo Vazio, os seguidores de Jesus Cristo ainda estavam confessando: “Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras. Foi sepultado; ressuscitou ao terceiro dia segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e, depois, aos Doze. Quando reafirmamos os pontos salientes de nossa fé, as nossas convicções vão se cimentando cada vez mais, até se transformarem em inabalável certeza.

5. Ministração da Palavra de Deus

O principal elemento da adoração praticada na sinagoga judaica era a leitura e a exposição da Lei: A Lei era lida primeiramente no hebraico original, e depois em paráfrases aramaicas, chamadas Targuns, seguindo-se, por sua vez, uma homilia ou pregação. Este era o centro de gravidade no culto da sinagoga, havendo bênçãos e orações dispostas em derredor. A leitura e exposição da Palavra de Deus alcançou o seu apogeu no ministério terreno de Jesus, bem como no ministério de seus apóstolos, especialmente do apóstolo o que escrevendo a Timóteo, disse: “Devota tua atenção à leitura [e exposição] publica as escrituras’’ (1 Tm 4.23 – uma tradução livre).Dos ministros escolhidos por Deus para servirem à Igreja de Cristo, é exigida a máxima diligência no estudo e fidelidade na exposição das Escrituras. A igreja em cujo culto nota-se a ausência da atitude de amor e de respeito pela Palavra de Deus, toda e qualquer outra coisa, porventura, aí existente, por grande que seja a dedicação com que é feita, é abominável ao Espírito Santo ultrajante à honra do Senhor Jesus Cristo. Culto sem compromisso com a fiel exposição das Escrituras, não é culto na verdadeira acepção da palavra, pelo contrário, é confusão. Portanto, que os ministros de Cristo, pastores e mestres, deixem que o povo de Deus seja abençoado com a interpretação e exposição fiel das Escrituras.

6. A Mordomia Cristã

Da adoração cristã deve fazer parte não só aquilo que somos, mas também o que Deus nos tem dado. Particularmente, quanto ao dinheiro, o Novo Testamento o reconhece como meio de troca e de ganhar a vida; e dá toda a ênfase possível à necessidade de diligência e da consciência no trabalho diário do cristão. Dentre tantas outras, há uma razão mais profunda para que o cristão se aplique ao trabalho de forma mais honesta e com o melhor de seus esforços: Adoramos a Deus no decurso das nossas tarefas diárias, e a oferenda a Ele de toda a perícia profissional e capacidade dedicada, com a melhor produtividade da nossa mente e mãos, faz parte do nosso culto cristão tanto quanto o cântico dos hinos e as devoções nos cultos na igreja. Daí a justificativa do acréscimo tipicamente paulino àquilo que parece ser uma exortação pré-cristã: “Trabalhai de todo o coração… como para o Senhor” (Cl 3.23).

O dinheiro que damos como parte do nosso culto a Deus, junta estes dois aspectos: a dádiva é “santificada”, e a adoração é “concretizada”, à medida em que o fruto do nosso trabalho diário é trazido e oferecido ao Senhor para uso no seu trabalho.

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