Os Atributos Naturais de Deus - IV » Tifsa Brasil

Os Atributos Naturais de Deus – IV

Dentre os atributos naturais de Deus, os mais conhecidos são os seguintes:

1. A Eternidade de Deus

A forma usada pela Bíblia para descrever a eternidade de Deus, simplesmente diz que a sua duração corresponde a idades sem fim (Sl 90.2,12; Ef 3.21). Devemos nos lembrar, porém, que ao falar assim, a Bíblia está a usar linguagem filosófica. Geralmente concebemos a eternidade de Deus como sendo uma duração de tempo indefinido que recua para o passado humano e que adentra o futuro idêntico. “Eternidade”, no sentido estrito da palavra aplica-se ao que transcende a todas as limitações. O tempo tem relação estrita com os mundos dos objetos que existem em sucessão. Deus enche o tempo; está em cada partícula dele, porém sua eternidade não é a mesma coisa que existir limitado pelo tempo. A existência do homem, quanto ao tempo, está dividi­da em períodos compreendidos por dias, semanas, meses e anos. Não é assim a existência de Deus. Nossa vida está di­vidida em passado, presente e futuro. Porém, na vida de Deus, o passado, o presente e o futuro se fundem no eterno agora. Ele é o eterno “Eu Sou” (Ex 3.14). A eternidade de Deus pode ser definida de maneira mais compreensível como aquela perfeição divina por meio da qual Ele se eleva sobre as limitações temporais.

2.A Imutabilidade de Deus

A imutabilidade é aquela perfeição, mediante a qual, Deus não está sujeito a qualquer mudança, não somente no seu Ser, mas também nas suas perfeições, propósitos e promessas. Na verdade, Deus é o “Pai das luzes em quem não pode existir variações, ou sombra de mudança” (Tg 1.17). É este Deus que habita na eternidade, que criou o mundo se­gundo o seu conselho, que foi encarnado em Cristo, e fez, sua morada na Igreja através do Espírito Santo. Se Deus é imutável, por que diz a Bíblia que ele se ar­rependeu de haver feito o homem na terra (Gn 6.6), e posterior­mente de destruir a cidade de Nínive, como havia dito?(Jn 3.10). O termo “arrepender-se”, neste caso significa “mu­dança de atitude” de Deus em decorrência do arrependi­mento do homem. O homem se arrepende no sentido do mal cometido, enquanto que Deus se arrepende no sentido de atitude, de suspender uma ação. O termo aplicado a Deus é uma antropomorfose, isto é, os escritores da Bíblia aplicam-no a Deus como se estivessem se referindo ao homem. Por exemplo: (Jr 18.7-10; 26.3,13). “Deus permanece o mesmo quanto ao seu caráter, abominando infinitamente o pecado, e em seu propósito de visitar com julgamento o pecador, quando, porém, Nínive mudou em sua atitude para com o pecado, Deus necessa­riamente modificou sua atitude para com Nínive. Seu ca­ráter permanece o mesmo, mas seus tratos para com os ho­mens mudam, à medida que os homens mudam de uma posição que é odiosa à inalterável indignação de Deus con­tra o pecado, para uma posição que é agradável ao seu inalterável amor pela justiça” (Teologia Elementar – Imprensa Batista Regular – Pág.48).

3. A Onisciência de Deus

A onisciência de Deus tem a ver com a capacidade di­vina de tudo saber. De fato, as Escrituras ensinam que Deus detém toda a compreensão e inteligência. Deste mo­do, para o crente há grande conforto na declaração de Je­sus: “… o vosso Pai sabe…”(Mt 6.8).

Em âmbito geral:

a) A onisciência de Deus inclui tudo; Seu conhecimen­to é universal incluindo tudo quanto pode ser conhecido (Jo 3.20).

b) Deus conhece desde a eternidade aquilo que será durante toda a eternidade (At 15.18).

c) Deus conhece o plano total dos séculos, bem como aparte que cada homem ocupa nele (Ef 1.9-12).

d) Deus sabe de tudo quanto ocorre em todos os luga­res, tanto o bem quanto o mal (Pv 15.3).

e) Deus conhece todos os filhos dos homens, seus caminhos e suas obras (Pv 5.21).

f) Deus conhece tudo na Natureza: cada estrela e cada ave que singra os céus (Sl 147.4; Mt 10.29).

g)Deus conhece tudo no terreno do procedimento hu­mano (Sl 139.1-4; 1 Cr 29.9; Ex 3.7). Não há uma cidade, uma vila, nem mesmo uma casa sobre a qual não estejam os olhos de Deus. Não existe uma só emoção, impulso ou pensamento dos quais Ele não te­nha conhecimento. Ele conhece toda ocorrência ou aventu­ra que envolve alegria e tristeza, dor ou prazer, adversida­de ou prosperidade, sucesso ou fracasso, vitória ou derrota. “Não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). Numa noite turva, sobre uma mesa de mármore preto, dentro de um quarto escuro, há uma pulga preta. Deus a vê!

4. A Onipotência de Deus

A onipotência de Deus é aquele atributo pelo qual Ele pode levar a efeito qualquer coisa que deseja. Não significa o exercício de seu poder para fazer aquilo que é incoerente aos seus atributos e à natureza das coisas, como, por exem­plo, fazer com que um acontecimento histórico passado volte a acontecer. Fazer duas montanhas próximas uma da outra sem um vale no meio, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta que uma reta. Para Deus é impossí­vel mentir, pecar, morrer, fazer com que o errado mude para certo. Fazer tais coisas seria uma demonstração não de poder, mas de incapacidade. Toda forma de poder de Deus, do início ao fim é exercida de forma coerente com a sua infinita perfeição.Pelo seu poder, Deus realiza só o que é digno de si. As aparentes incoerências vêm da nossa incapacidade e igno­rância quanto a entender os caminhos de Deus.Conta-se que quando Antígono estava para dar início a um combate contra a armada de Ptolomeu, e o seu co­mandante perguntou: “Quantos são eles mais do que nós?” o corajoso rei replicou: “É verdade que, se você con­tar, eles são mais do que nós; mas quantos você acha que eu valho?” Nosso Deus é superior em poder a todas as forças da terra e do Inferno. Ele mesmo indaga: “Agindo eu, quem impedirá?”(Is 43.13).

5. A Onipresença de Deus

A onipresença de Deus está entranhavelmente ligada á sua onisciência e onipotência. Só Deus possui estes três “onis”. Por sua onipresença, Deus está em todos os luga­res. Isto não significa, contudo, que Deus esteja visivel­mente presente, localizado em qualquer lugar como acon­tece com o homem, isto é, corporalmente, pois Deus é um ser espiritual.Apesar de Deus estar em todos os lugares, Ele não está em todos os lugares num mesmo sentido, e com o mesmo propósito. Ele está presente em alguns lugares num senti­do em que não está noutros. Ele está no Céu como lugar de sua eterna habitação e como local do seu trono. Está na Terra abençoando os homens e mantendo viva a natureza. Já a sua presença no Inferno tem a ver com a sua ira aí der­ramada.

Assim como no Império Romano o mundo inteiro era para o malfeitor uma vasta cadeia, pois, ainda que fugisse para as terras mais distantes podia ser alcançado pelas le­giões do imperador, assim, no governo divino, o pecador não tem como fugir aos olhos do Juiz de toda a terra (Gn 18.25). A declaração bíblica “Tu és o Deus que vê” deve servir de advertência para evitarmos o pecado (Hb 4.13; Sl 139).

6. O Conselho de Deus

O conselho de Deus é o seu plano eterno em relação ao mundo material e espiritual, visível e invisível, abrangen­do todos os seus eternos propósitos e decretos, inclusive a Criação e a Redenção, levando em conta a livre atuação do homem.O conselho de Deus se aplica a todas as coisas em ge­ral (Is 14.16,27; 46.10,11; Dn 4.25), e às particulares, como seja: a permanência do Uni­verso material, os negócios das nações, o período da vida humana, o tempo da morte do homem, as boas ou más ações do homem, a salvação do homem, o reino de Cristo, a obra divina nos crentes e por meio deles (Sl 119.89-91; At 17.26; Jó 14.5,14; Ec 3.2; Ef 2.10; Gn 50.20; 1 Co 2.7; Ef 2.10; Gn 50,20; 1 Co 2.7; Ef 3.10; Sl 2.6-8; Mt 25.34; Fp 2.12,13). Esse plano divino está em perfeita harmonia com o perfeito conhecimento, a perfeita sabedoria (onisciência), e a benevolência de Deus. Um Universo sem plano estabe­lecido seria irracional e apavorante.

O doutor A.J. Gordon compara semelhante hipótese com um trem expresso a precipitar-se nas trevas, sem luz, sem maquinista, sem destino e sem saber o que ocorrerá no momento seguinte.

7. A Soberania de Deus

A soberania de Deus é a soma de alguns dos seus atri­butos naturais, como: onipotência, onisciência e onipre­sença, apresentadas na Escritura com um tom muito en­fático. Apresenta o Criador e sua vontade como a causa de todas as coisas. Em virtude de sua obra criadora, perten­cem-lhe os céus, a terra e tudo o que neles há. A soberania de Deus submete a Ele todos os seus exércitos dos céus e os habitantes da terra. Deus sustem todas as coisas com sua onipotência, conhece todos os mistérios por sua onisciên­cia, enche todas as coisas com sua onipresença, e determi­na a finalidade para cada coisa existente pela sua sobera­nia.Deus governa como Rei no mais absoluto sentido da palavra, e todas as coisas dependem dEle e a Ele servem. Há um inestimável tesouro de evidências nas Escrituras revelando a soberania divina (Dt 10.14,17; 1 Cr 29.11,12; 2 Cr 20.6; Is 33.22). A soberania de Deus diz respeito àquela perfeição do Ser divino, por meio do qual, Ele, por um ato simples, de­leita-se em si mesmo como Deus, bem como busca suas criaturas, por amor do seu próprio nome. Com referência ao Universo e todas as criaturas que há nele. Sua vontade inclui, naturalmente, a ideia de acusação.

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