O Estudo da Pneumatologia - I » Tifsa Brasil

O Estudo da Pneumatologia – I

Introdução

Por muitos anos, principalmente nos anos anteriores ao despertamento pentecostal iniciado no começo deste Século, o Espírito Santo era a Pessoa menos conhecida dentre as Pessoas da Santíssima Trindade. Porém, com o surgimento do Movimento Pentecostal, quando Deus fez soprar o vento do seu Espírito em maior profusão, o Espíri­to Santo veio a conquistar no conceito cristão a sua verda­deira posição em relação ao Pai e ao Filho.

A despeito de tudo isto, no entanto, reconhecemos ha­ver muito erro e confusão em nossos dias no tocante à per­sonalidade, operações e manifestações do Espírito Santo. Eruditos, conscientes, mas equivocados, têm sustentado pontos de vista errôneos e contrários às Escrituras a respei­to desse singular personagem da Trindade Divina. É vital, portanto, para a fé de todo crente sincero, que o ensino bíblico a respeito do Espírito Santo seja mantido em bases seguras e em suas corretas proporções. Só assim serão evi­tados os extremos quanto ao assunto: evitando ou dando ênfase demasiada e até antibíblica à Pessoa e obra do Espírito Santo.

I. A Natureza do Espírito Santo

A natureza do Espírito Santo se evidencia através da sua personalidade singular, da sua divindade, dos seus no­mes e símbolos conforme revelam o Antigo e o Novo Testamento.

1. A Personalidade do Espírito Santo

A Bíblia apresenta o Espírito Santo como um Ser do­tado de personalidade, isto é, que possui ou contém em si mesmo os elementos de existência pessoal, em contraste com a existência impessoal (Teologia Elementar – Imprensa Batista –Pág. 163).

Pode-se dizer que a personalidade existe quando se encontram em uma única combinação, inteligência, emo­ção e volição, ou ainda autoconsciência e autodetermina­ção. Deste modo, ao usarmos o termo “pessoa”, aplicando-o aos membros da Trindade, deve ser entendido em senti­do qualitativo ou limitado, e não em organismos separa­dos, confundindo-o com corporalidade, conforme usamos o termo em relação ao homem.

A Bíblia mostra a personalidade do Espírito Santo quando diz que:

Ele cria e dá vida (Jó 33.4).

Ele nomeia e comissiona ministros (Is 48.16; At 13.2; 20.28).

Ele dirige onde os ministros devem pregar (At 16.6,7).

Ele instrui o que os ministros devem pregar (1 Co 2.14).

Ele falou através dos profetas (At 1.16; 1 Pd 1.11,12; 2 Pd 1.21).

Ele contende com os pecadores (Gn 6.3).

Ele reprova (Jo 16.8).

Ele consola (At 9.31).

Ele nos ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26).

Ele ensina (Jo 14.26; 1 Co 12.3).

Ele guia (Jo 16.13).

Ele santifica (Rm 15.16; 1 Co 6.11).

Ele testifica de Cristo (JO 15.26).

Ele glorifica a Cristo (Jo 16.14).

Ele tem poder próprio (Rm 15.13).

Ele sonda tudo (Rm 11.33,34; 1 Co 10,11).

Ele age segundo a sua vontade (1 Co 12.11).

Ele habita com os santos (Jo 14.17).

Ele pode ser entristecido (Ef 4.30).

Ele pode ser envergonhado (Is 63.10).

Ele pode sofrer resistência (At 7.51).

Ele pode ser tentado (At 5.9).

2. Nomes Divinos São Dados ao Espírito Santo

O Espírito Santo é chamado DEUS: “Então disse Pe­dro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?… Não mentiste aos ho­mens, mas a Deus” (At 5.3,4).

O Espírito Santo também é chamado SENHOR: “E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Se­nhor, o Espírito” (2 Co 3.18).

Além de nomes, o Espírito Santo detém atributos di­vinos, como:

Eternidade (Hb 9.14).

Onipresença (Sl 139.7-70).

Onipotência (Lc 1.35).

Onisciência (1 Co 2.10).

Outra incontestável prova da divindade do Espírito Santo é que Ele realiza trabalhos exclusivos de Deus. Por exemplo:

Foi o Espírito Santo quem comunicou vida à criação (Gn 1.2).

É o Espírito Santo quem transforma o homem peca­dor em uma nova criatura, por meio do novo nascimento (Jo 3.3-8).

Foi o Espírito Santo quem levantou a Cristo da mor­te, mediante a ressurreição (Rm 8.11).

No decorrer de toda a Escritura, o Espírito Santo é chamado:

Espírito de Deus (1 Co 3.16; Gn 1.2).

Espírito de Cristo (Rm 8.9).

Espírito Santo (At 1.5).

Espírito de Vida (Rm 8.2).

Espírito de Adoção (Rm 8.5; Gl 4.5,6).

3. Símbolos do Espírito Santo

A Bíblia é um livro de figuras e símbolos. De forma específica, o Espírito Santo é mostrado nas Escrituras tam­bém através de símbolos, dentre os quais se destacam os seguintes:

a) O Fogo como símbolo do Espírito Santo

“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mais eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito San­to e com fogo” (Lc 3.16).

O fogo, como símbolo do Espírito Santo, fala da sua grande força em relação às diversas maneiras de sua opera­ção, para corrigir os defeitos da nossa natureza decaída e conduzir-nos à perfeição que deve adornar os filhos de Deus. Mais do que isto, o fogo fala da ação purificadora do Espírito Santo.

b) O Vento como símbolo do Espírito Santo

“E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que esta­vam assentados” (At 2.2). Jesus falou do vento como símbolo do Espírito Santo. O vento apesar de invisível, é real. Não podemos tocá-lo nem compreendê-lo, mas o sentimos. A sua ação indepen­de do querer ou não do homem. Isto fala da ação soberana do Espírito Santo.A mesma palavra “pneuma”, que é usada em referên­cia ao Espírito, é também traduzida por “vento”, “ar”, ou “fôlego”.

c) Água, Rio, Chuva como símbolo do Espírito Santo

“E no último, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios dá­gua viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espí­rito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.37-39).

d) Óleo, Azeite como símbolo do Espírito Santo

“E me disse: Que vês? Eu disse: Olho, e eis um casti­çal todo de ouro, e um vaso de azeite no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à esquerda. E falei, e disse ao anjo que falava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto? Então respondeu o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, senhor meu. E respondeu, e me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.2-6).

Simbolizando o Espírito Santo, o óleo era usado nas solenidades consagratórias de profetas, sacerdotes e reis em Israel. É considerado símbolo do Espírito Santo porque era usado nos rituais do Antigo Testamento, correspon­dendo à operação real do Espírito Santo na vida do crente hoje.

e) Selo como símbolo do Espírito Santo

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e ten­do nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13). O selo é prova de propriedade, legitimidade, autorida­de, segurança ou preservação. Estas palavras expressam a situação daqueles que foram selados pelo Espírito Santo.

f) A Pomba como símbolo do Espírito Santo

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 13.16,17). O Espírito Santo veio sobre os discípulos no dia de Pentecostes, em forma de fogo – havia o que queimar. Sobre Jesus, no entanto, veio em forma corpórea duma pomba símbolo da pureza e da inocência de Cristo.

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