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As Consequências da Queda do Homem – VII

A desobediência do primeiro casal ao mandamento divino de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal trouxe consigo consequências terríveis. Decorrente da queda, o homem viu afetado o seu relacionamento com Deus, com o seu semelhante, com a natureza e os demais seres criados.

1. Consequências Ambientais

Dentre as consequências ambientais da queda do ho­mem, as Escrituras destacam as seguintes:

a) Medo e Fuga

“E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3.10). Quando um homem rouba algo ou mata alguém, sua primeira atitude é de medo e de fuga; isto porque ele sabe que existem leis que não apenas proíbem o furto e o assas­sinato, mas que também reprimem e punem o transgres­sor. Foi esta a atitude de Adão e Eva: pecaram e, por sabe­rem que estavam desobedecendo a uma lei, temeram e fu­giram. Desde então a humanidade inteira vive em cons­tante fuga da presença de Deus.

b) Maldição Sobre a Serpente

“Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais do que toda a besta, e mais que todos os animais do campo; sobre teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.14,15). A serpente recebeu pior maldição que qualquer outro animal: foi condenada a restejar-se sobre seu ventre e a comer o pó da terra. A serpente parecia encontrar-se em posição ereta ao ouvir de Deus a sua sentença de maldição. Desde então a serpente tomou-se uma figura de Satanás e de todos quantos se opõem a Deus e à Sua obra.

c) A Sorte da Mulher

“E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3.16). Muito embora a geração de filhos tenha feito parte do plano divino para o primeiro casal, no principio, isto só se cumpriu após a queda. Por outro lado o sofrimento e a tristeza em conexão com o trazer filhos à luz, foram adicionados em consequência da queda.

d) A Sorte da Terra

“… maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá, e comerás a erva do campo”(Gn 3.17,18). A terra foi amaldiçoada, portanto, impedida de pro­duzir apenas o que era bom, passando a exigir trabalho la­borioso e sofrido do homem. Esta é a situação em que a ter­ra tem se encontrado desde então, e continuará até o esta­belecimento do governo milenial de Cristo.

e) A Sorte do Homem

“E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também te produzirá, e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra; porque dela foste tomado; porque és pó, e em pó te tomaras” (Gn 3.17-19). Não obstante tenha sido o homem criado por Deus, tendo entre seus propósitos, o de cultivar a terra, os sofrimentos derivados desse labor só vieram a existir depois da queda.

f) O Conhecimento Prático do Mal

“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal…”(Gn 3.22). Antes da queda, o homem era capaz de pecar; contudo desconhecia os efeitos que isso provocaria. Ao desobedecer a Deus, ele adquiriu o conhecimento do pecado. Conhecia o bem e o mal, mas o pecado o havia condicionado a só fa­zer o que era mau aos olhos de Deus.

g) Expulsão do Jardim do Éden

“O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado” (Gn 3.23). Como o Éden era um lugar de delícias e de comunhão, cheio da presença de Deus, o homem, no seu estado de pe­cado, jamais poderia continuar nesse tão augusto lugar. Por isso foi expulso por Deus, colocando-se às expensas da sua má sorte. Esta foi, sem dúvida, a maior das consequên­cias da queda até aqui mencionadas.

h) Vedado o Caminho da Arvore da Vida

“E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vi­da” (Gn 3.24). Tendo o homem preferido comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, foi um ato de misericórdia de Deus impedi-lo de comer da árvore da vida. Se o ho­mem não tivesse sido impedido de fazê-lo, ao comer dela ele haveria de amargar uma existência de eterna tristeza e miséria.

2. Consequências Espirituais

Como resultado da queda do homem, o seu relacionamento com Deus foi sensivelmente alterado, obstaculizando o seu desenvolvimento e causando os males que se seguiram. Dentre esses se destacam:

a) Morte Espiritual

“Pelo que, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). O termo “morte” é o termo usado com mais frequência ao longo das páginas das Escrituras para falar da separação entre o homem 8 Deus, por causa da queda do ho­mem no princípio. Este é o estado em que se encontram to­dos os homens, até que permitam que Cristo lhes toque com o toque vivificador de Deus.

b) Perda da Semelhança Moral com Deus

Desde a sua criação, o homem estava destinado a experimentar cada vez maior nível de perfeição, até que alcançasse perfeita identidade com a pessoa daquele que o criou. Contudo, essa marcha foi interrompida com a queda, levando o homem tantas vezes a níveis morais tão baixos, a ponto de identificar-se melhor com os irracionais do que com Deus que o criou.

c) Incompatibilidade com a Vontade de Deus

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser. Portanto os que estão na carne não podem agra­dar a Deus” (Rm 8.7,8). Após a queda, a mente do homem ficou bloqueada para a revelação da vontade de Deus, e condicionada à prática abominável do pecado.

d) Escravidão ao Pecado e ao Diabo

“Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado… Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai…”(Jo 8.34,44). Negligenciando o mandamento de Deus e aceitando as insinuações do Diabo, o homem naturalmente tornou-se escravo do pecado e do seu “pai”, que é o maligno.

3. Consequências Físicas

Além dos problemas ambientais e espirituais, a queda do homem trouxe consequências físicas de grandes proporções. Dentre essas, se destacam as seguintes:

a) Existência Física Reduzida

“Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espíri­to para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos” (Gn 6.3). Destinado a viver eternamente, o homem tinha agora reduzida a sua existência física. Estaria condenado à mor­te prematura.

b) Corrupção dos Poderes do Homem

Um dos propósitos de Deus para com o homem ao criá-lo era o de que ele exercesse domínio sobre “os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn 1.26). Porém, na queda, além de o homem perder a semelhança moral que tinha com Deus, todos os seus poderes se perverteram. Todos os seus pensamentos e desejos se degeneraram em corrupção.

c) Sujeição às Enfermidades

Ainda que nem toda a enfermidade seja causada pelo pecado direto daquele que a porta, todas as enfermidades existem em consequência do pecado de Adão, no princípio.

A transgressão do homem foi, como crime, a pior enormidade. Quanto à sua natureza não foi mera desobe­diência à lei divina por parte do ofensor. Foi a mais crassa infidelidade, o dar crédito antes ao Diabo do que a Deus; foi descontentamento e inveja, ao pensar que Deus lhe ha­via negado aquilo que era essencial para a sua felicidade; foi um orgulho imenso, ao desejar ser igual a Deus; foi fur­to sacrílego, ao intrometer-se naquilo que Deus havia re­servado para si, como sinal de Sua soberania; foi suicídio e homicídio, ao trazer a morte contra si e contra toda a sua posteridade.

“E tudo isso foi cometido à plena vista da benevolência do Criador, que lhe havia outorgado tudo quanto se fazia necessário para o aperfeiçoamento e perpetuação de sua felicidade. Foi uma ação contrária às mais claras convicções de consciência, e com mente plenamente iluminada pelo Espírito Divino. O ato foi cometido na própria presença de Deus, com a vontade suficientemente fortalecida para resistir à tentação, e sem sofrer qualquer compulsão” (Teologia Elementar – Imprensa Batista – Pág. 198).

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