É esta uma versão da Septuaginta baseada principalmente no texto inglês de Sir Lancelot C. L. Brenton, primeiramente publicado em 1851, o qual se utilizou principalmente do manuscrito do quarto século conhecido como Codex Vaticanus, e daquele do quinto século, Codex Alexandrinus. Durante a tradução foram consultados os textos originais tanto da Septuaginta grega como da versão massorética hebraica, a qual deu origem às traduções mais utilizadas atualmente. Onde, na comparação dos textos das duas versões, Septuaginta e massorética, verificava-se um claro erro ou incongruência da tradução no texto da primeira, foi utilizado o da segunda, pois a palavra de Deus é uma só, e assim fizeram todos os tradutores das versões mais conceituadas da Bíblia, consultando e comparando fontes diversas a fim de apresentar o texto na forma mais fiel possível ao original.
Esta era a versão do Velho Testamento que os cristãos antigos utilizavam regularmente e da qual extraíam a maioria de suas citações. Eles também se valiam do original em hebraico, todavia a Septuaginta era onde a quase totalidade dos primeiros cristãos gentios, os quais tinham o grego como sua língua natural, ia buscar o conhecimento dos textos sagrados que antecederam o Novo Testamento. Também dela os escritores das cartas novo-testamentárias extraíram muitas de suas interpretações a respeito da pessoa de Jesus Cristo e de sua obra. O velho Testamento, os livros da Bíblia que vão de Gênesis a Malaquias, já estavam escritos quando Jesus veio a esta terra, e foram eles mesmos que profetizaram e testificaram a respeito de sua vinda. Eram conhecidos e lidos pelos primeiros cristãos, todos eles judeus, e, depois, gentios. Há uma continuidade entre o Velho e o Novo Testamento, e, no último, inúmeras são as citações do primeiro. O próprio Jesus citava, amiúde, versículos do Velho Testamento.
Os livros do Velho Testamento foram escritos, originalmente, em hebraico, a linguagem do povo judeu. Atualmente, de qualquer livro publicado são feitas inumeráveis cópias por impressoras que produzem exemplares absolutamente idênticos, aos milhares. Naquela época, desde muitos anos antes de Cristo, a partir do manuscrito original eram feitas cópias a mão pelos escribas que se dedicavam a este trabalho, uma de cada vez. Havia muitas cópias de cada livro bíblico circulando entre os judeus que as estudavam. Essas versões não eram idênticas. Algumas tinham variações na maneira de expressar algum versículo, ou acrescentavam certos detalhes, e/ou omitiam outros.
Mais ou menos 250 anos antes de Cristo foi feita uma tradução para o idioma grego baseada em algumas dessas versões antigas, tradução essa conhecida, hoje, como “Septuaginta” (LXX), a qual viria a ser o texto do Velho Testamento que os primeiros cristãos utilizavam mais frequentemente. Mais tarde, entre o sétimo e o décimo século depois de Cristo, surgiu uma versão definitiva do texto hebraico a partir das versões disponíveis circulantes, chamada de “Texto Massorético” (TM), o qual foi fixado durante um longo período de tempo por uma escola de copistas judeus chamados de massoretas.
Esse é o texto que serviu como base para a versão do Velho Testamento a qual se encontra nas Bíblias utilizadas pelos cristãos atuais. Já os primeiros cristãos, entre eles os escritores do Novo Testamento e os escritores que surgiram logo depois deste período inicial, os grandes apologistas e desenvolvedores do estudo doutrinário, assim como o próprio Jesus, utilizavam principalmente o texto do VT conhecido como a Septuaginta. Daí a sua grande importância e a necessidade de levar em consideração o seu estudo acurado, uma vez que nela podem-se encontrar muitas informações relevantes, as quais vêm sempre somar-se ao que nos ensina a versão do Texto Massorético. Juntando-se as informações das duas versões, da Massorética e da Septuaginta, temos a Bíblia na completude que Deus tornou disponível para o estudo e a compreensão de sua palavra.
A Septuaginta foi traduzida para o idioma grego “koinê”, que significa “comum”. Esse era o grego utilizado popularmente após o período do grego clássico (ou seja, c. 300 AC – 300 DC), num intervalo de tempo que incluía o período inicial da Igreja e da produção do Novo Testamento. Era uma espécie de “língua franca” na área do Mediterrâneo Oriental e Oriente Próximo. O antigo, assim como o Inglês o é, atualmente, para muitas pessoas. O grego moderno tem sua base no koinê.
De acordo com o Talmude, a Torah, ou Pentateuco (os cinco primeiros livros do AT), foi primeiramente traduzida para o grego no terceiro século antes de Cristo, por iniciativa do rei Ptolomeu II Filadelfo, que reinou no Egito de 283 AC a 246 AC. De não haver dúvidas que a Torah estava traduzida no tempo de Filadelfo atesta-o o fato de existirem citações dos livros de Gênesis e Êxodo na língua grega, antes de 200 AC. A linguagem da Septuaginta também é mais semelhante ao Grego Egípcio do que ao Grego de Jerusalém. Outros livros do Antigo Testamento foram traduzidos nos dois séculos seguintes.