O arrebatamento da Igreja compreende a primeira fase da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo. Como um acontecimento profético histórico o arrebatamento tem como centro de atenção a Igreja triunfante que velando aguarda o Salvador. A discussão e estudo da doutrina do arrebatamento ou rapto da Igreja, nos conduz, inevitavelmente à consideração dos seguintes eventos a ele pertinentes:
1. A Ressurreição dos Mortos em Cristo
O arrebatamento da Igreja será precedido pelo soar, no céu, do brado de Jesus, a voz do arcanjo de Deus. Será o suave soar dessa orquestra celeste que propiciará a ressurreição dos mortos em Cristo. Quanto a isto escreveu o apóstolo Paulo: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele… Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com a voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4.14,16). Dessa ressurreição farão parte todos os crentes, desde Abel, até o último a morrer antes do arrebatamento. Uma vez que todos quantos dormem em Cristo, estão no Paraíso, é de se compreender que as suas almas desencarnadas, por ordem expressa de Jesus, descerão a onde os seus corpos jazem desintegrados em pó, daí ressurgindo um corpo glorioso e glorificado. É o que se revestindo da incorruptibilidade (1 Co 15.54). Quanto aqueles que morreram no seu pecado, sem o conhecimento do Cristo prometido ou manifesto, n o reviverão senão no final do governo milenial de Jesus Cristo” (Ap 5.20), para comparecerem perante o Grande Trono do Juízo Final.
2. A Transformação dos Santos Vivos
Diz o apóstolo Paulo: “Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta … nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Co 15.51-53). Prossegue o apóstolo Paulo dizendo: “Dizemos-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem… nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles [os santos ressuscitados] nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.15-17). Conclui-se, pois, à luz das Escrituras que:
-Existirão crentes vivos na terra por ocasião do arrebatamento da Igreja.
-Os santos vivos que aguardam a Cristo serão transformados à semelhança do corpo de Cristo, repentinamente, “num abrir e fechar de olhos”, no momento do arrebatamento.
-Os santos vivos transformados, juntamente com os santos ressuscitados, formarão uma mesma grei e se encontrarão com Jesus nos ares, “e assim estaremos sempre com o Senhor”.
A mente humana, por mais iluminada que seja, é incapaz de imaginar a grandeza e a miraculosidade desse momento, quando os nossos corpos corruptíveis, sujeitos a todo tipo de enfermidade e moléstias, assumirem a semelhança do corpo incorruptível do Salvador. E o poder energizante do Deus vivo removendo todas as nossas limitações físicas e comunicando aos nossos corpos a mesma substância’ do corpo do Seu filho ressurreto. Cumprir-se-ão, então nesse momento as esperanças proféticas do apóstolo João: “… sabendo que, quando ele [Jesus] se manifestar: seremos semelhantes a ele; porque assim como é veremos” (1 Jo 3.2).Enfim, é o mortal se revestindo da Imortalidade.
3. A Rapidez Desse Evento
Paulo diz: “Num momento, num abrir e fechar de olhos ante a última trombeta, porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Alguém disse que a duração de um piscar de olhos é de cerca de um milionésimo de segundo. A palavra grega para designar a rapidez desse momento é átomos, na qual extraímos a palavra átomo. Significa algo que não pode ser dividido. Desta forma, o arrebatamento da Igreja será tão veloz e súbito, que a duração de tempo em que ocorrer não pode ser humanamente dividido. Imagine isto: numa fração de segundo, todos os crentes vivos da terra serão daqui tirados. De repente, sem nenhum aviso, somente os ímpios povoando o planeta terra! Será um quadro de inimaginável horror!
4. O Tribunal de Cristo
Ressuscitados os mortos em Cristo e transformados os santos vivos formarão um só corpo, e após se encontrarem com Cristo nos ares, esse corpo uno e indivisível, dará entrada no tribunal de Cristo, no Céu. Quanto a Isto, dizem as Escrituras: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio o corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).O julgamento a ter lugar no Tribunal de Cristo não terá o mérito de determinar quem será e quem não será salvo. Não. Só os salvos comparecerão ali. Se antes, nenhuma condenação havia para os que estão em Cristo Jesus, tampouco ali será lugar de condenação. Como pecador, o crente já foi julgado em Cristo na cruz e absolvido pela graça e misericórdia de Deus. Como filho, foi julgado durante a ua peregrinação aqui na terra. Perante o Tribunal de Cristo o crente será julgado como servo, para aquisição de galardão. Jesus explicou isto na parábola dos trabalhadores da vinha, quando disse: “E, aproximando-se a noite diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros até aos primeiros” (Mt 20.8). Diante do Tribunal de Cristo serão manifestas não só as nossas obras, mas também a fonte de suas motivações. Quanto a Isto devemos atentar para o que a Bíblia diz: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já esta posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia o declarará, porque pelo fogo será descoberta, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como que pelo fogo” (1 Co 3.11-15).
5. As Bodas do Cordeiro
Findo o julgamento do Tribunal de Cristo, a Igreja fiel será chamada a ter acesso à sala do banquete da festa das Bodas do Cordeiro. Cristo e a Igreja se tomarão o centro das atenções de todos os seres celestiais. A cerimônia de casamento do príncipe herdeiro do trono da Inglaterra, mostrada pela TV para quase todo o mundo, tem o seu brilho eclipsado diante da glória e esplendor da cerimônia de casamento do Cordeiro (Cristo) e a sua Noiva (a Igreja) naquele dia memorável. Cumprir-se-á, finalmente o anseio de Jesus, expresso na sua oração sacerdotal: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). Durante as Bodas do Cordeiro, a Igreja será vista no aspecto universal. Ali estarão juntos todos os santos do Antigo e Novo Testamento. Todos os crentes do Oriente e do Ocidente tomarão assento à sua mesa (Mt 8.11). O que é mais importante, Cristo mesmo servirá aos seus, numa eterna demonstração de amor e serviço àqueles que na terra foram comprados pelo seu sangue e poder eterno.