Os atributos morais de Deus - V » Tifsa Brasil

Os atributos morais de Deus – V

Os atributos morais de Deus dizem respeito a deter­minados elementos do caráter de Deus através dos quais Ele se dá a conhecer ao seu povo, levando-o a uma plena identificação com Ele.Dentre os atributos morais de Deus, os mais conheci­dos são:

1. A Veracidade de Deus

A veracidade é um dos múltiplos aspectos da perfeição divina. Deus é ao mesmo tempo, veraz e perfeito. “Deus não é homem para que minta” (Nm 23.19). A mentira é incompatível com a natureza divina.Devemos ter sempre em mente que quando estamos tratando com Deus, estamos tratando com um Ser verda­deiro e pronto a cumprir as suas santas e boas palavras (Jr 1.12).Por isso, devemos depositar nele toda a nossa confiança; (Sl 125.1)na certeza de que Ele estabelecerá o nosso direito e nos conduzirá a toda a justiça.Toda a Escritura corrobora com a ideia da veracidade de Deus (Sl 31.5; Jo 3.33; Rm 3.4; 1 Ts 1.9; 1 Jo 5.20).

2. A Justiça de Deus

A justiça de Deus está entranhavelmente relacionada com a santidade divina. Alguns dos teólogos mais respeita­dos, conceituam a justiça de Deus como uma forma de sua santidade, ou simplesmente como “santidade transitiva”. Estes termos se aplicam somente àquilo que costumamos chamar de “justiça relativa” de Deus, e não à sua “justiça absoluta”.A ideia fundamental de justiça está entranhavelmen­te ligada à da lei. Por exemplo, entre os homens pressupõe-se haver uma lei à qual o homem deve sujeitar-se a obede­cer. Quanto a Deus, porém, há quem seja da opinião de que não se deve falar de “justiça” como. Um dos atributos divinos, pois, Deus, não sendo homem, não existe lei à qual Ele possa estar sujeito. Ainda que concordemos em parte com esta afirmação, cremos haver uma lei que é parte ine­rente à natureza de Deus, a qual se constitui no modelo mais elevado de lei, pela qual todas as outras leis têm de ser julgadas.

A justiça divina se manifesta, especialmente, em dar a cada um o que corresponde aos seus méritos. A justiça inerente de Deus é a base natural da sua justiça revelada ao tratar com suas criaturas. Os termos hebraicos e gregos para “justo” e “justiça”, todos contêm a idéia de conformidade com um modelo. Constantemente a Escritura atri­bui esta perfeição a Deus (Nm 8.9; Sl 119.137; 145.17; Jr 12.1; Lm 1.18; Dn 9.14; Jo 17.25). Antes de qualquer outra coisa, a justiça divina é a jus­tiça governativa de Deus. Esta justiça, como o próprio nome sugere, tem a ver com aquilo que Deus usa como Go­vernador dos bons e dos maus. Em virtude dessa justiça, Deus tem instituído um governo moral no mundo, e impos­to uma lei justa sobre os homens, com promessas de re­compensa para o obediente, e de advertências e castigo para o transgressor. Principalmente o Antigo Testamento manifesta Deus como o Legislador de Israel, (Is 33.22) e das nações em geral, mostrando inclusive que as suas leis são justas (Dt 4.8).

3. A Graça de Deus

“Graça”, esta palavra cheia de significado é uma tra­dução do hebraico “ch’n,” e do grego “charis”. Segundo as Escrituras, a graça se manifesta não só da parte de Deus, mas também através dos homens. Neste último caso denota o favor que um homem mostra a outro homem (Atente para os exemplos dados nos seguintes textos: Gn 33.10,18; 39.4; 47.25; Rt 2.2; 1 Sm 1.18; 16.22).

No geral, pode-se dizer que a graça é a dádiva gratuita da generosidade para com alguém que não tem o direito de reclamá-la. De acordo com a Escritura, só a graça singular de Deus é que pode ser assim definida. Seu amor para com o homem sempre é imerecido, pois a despeito de oferecido gratuitamente, o homem prefere rejeitá-la como coisa de nenhum valor. Deste modo, a Bíblia geralmente fala da graça para indicar a imerecida bondade do amor de Deus para com aqueles que se têm feito indignos dela, e que por natureza estão debaixo da sentença de condenação.A graça de Deus é o manancial de todas as bênçãos es­pirituais concedidas aos pecadores (Ef 1.6,7; 2.7-9; Tt 2.11; 3.4-7). No entanto, a Bíblia com frequência fala da graça salvadora, e outras vezes ela aparece com um sentido mais amplo (Is 26.10; Jr 16.13). A graça de Deus tem maior significado prático para os pecadores.Todos nós dependemos por completo da graça de Deus manifesta em Cristo, uma vez que estamos totalmente despojados de méritos próprios.

4. A Bondade de Deus

Deus é bom no sentido transcendente da palavra, que significa absoluta perfeição e perfeita felicidade em si mes­mo. Neste sentido, disse Jesus que “ninguém é bom senão um só, que é Deus” (Mc 10.18). Porém, posto que Deus é bom em si mesmo, também é bom para todas as suas criaturas, po­dendo, portanto, denominar-se: “A fonte de todo o bem”. De fato, Deus é a fonte de todo o bem e assim se apresenta de vários modos em toda a Bíblia (Sl 36.6; 104.21; Mt 5.45; 6.26; Lc 6.35; At 14.17). A bondade de Deus para com as suas criaturas pode ser definida como aquela perfeição de Deus que o mantém solícito para tratar generosa e ternamente com todas as suas criaturas. É aquele afeto pelo qual Deus assiste a to­das as suas criaturas sensíveis como tais. O salmista ce­lebra esta bondade nas seguintes palavras: “O Senhor é bom para com todos, e as suas ternas misericórdias per­meiam todas as suas obras… Em ti esperam os olhos de to­dos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a tua mão e satisfazes de benevolência a todo vivente” (Sl 145.15,16).

5. O Amor de Deus

Quando a bondade de Deus se manifesta em favor de suas criaturas racionais, assume o mais elevado caráter de amor, amor este que se distingue conforme os objetos aos quais se destina.Para distinguir o amor divino da bondade de Deus, podemos defini-lo como aquela perfeição de Deus pela qual Ele é impelido eternamente a comunicar-se com as suas criaturas. Posto que Deus é absolutamente bom em si mesmo, o seu amor não pode alcançar perfeita satisfação num objeto imperfeito, no caso a criatura humana. Apesar disto Deus ama o homem no seu atual estado de queda (Jo 3.16). Deus ama os crentes salvos com um amor especial, posto que os contempla como seus filhos espirituais em Cristo. A eles se comunica, em sentido mais pleno e rico, com toda a plenitude da sua misericórdia e graça (Jo 16.27; Rm 5.8; 1 Jo 3.1).

6. A Misericórdia de Deus

Se a graça divina sentencia o homem como culpado diante de Deus, fazendo-o carente do perdão divino, a misericórdia de Deus distingue o homem como alguém cansa­do sob o fardo do pecado, necessitando de urgente ajuda espiritual.A misericórdia divina pode ser definida como a bon­dade ou o amor de Deus para com aqueles que se encon­tram em estado de miséria espiritual, carecendo de ajuda. Desse modo, em sua misericórdia, Deus se revela compassivo e piedoso para com os que se acham em estado de mi­séria espiritual, sempre pronto a socorrê-los.Segundo a Bíblia, a misericórdia de Deus é gratuita; é para sempre; está sobre todos os homens; elas são a causa de não sermos consumidos (Dt 5.10; Sl 57.10; 86.5; 2 Cr 7.6; Sl 136; Ed 3.11; Ex 20.6; Dt 7.7,9; Lc 1.50; Sl 145.9; Ez 18.23-32; 33.11; Lc 6.35,36; Lm 3.22). Entre os judeus, existe uma crença antiga muito inte­ressante, acerca da misericórdia e da justiça divina. Se­gundo essa crença, Miguel, o executor dos juízos de Deus, possui apenas uma asa às costas, o que o faz voar devagar; enquanto que Gabriel, o executor da misericórdia, possui duas potentes asas, o que o faz voar mais velozmente. O rabinismo judaico usa essa ilustração para ensinar que Deus tem mais pressa em ser misericordioso para com o homem do que em levá-lo a juízo. Mostra, porém, que se o homem rejeitar a misericórdia gratuitamente oferecida, mais cedo ou mais tarde ele será julgado e castigado pelo Deus das muitas misericórdias.

7. A Longanimidade de Deus

No original hebraico, longanimidade é indicada pela expressão “erekaph”,significando literalmente “grande rosto” e também “lento para a ira”. Mais claramente, por longanimidade, se entende aquela bondade de Deus, em virtude da qual Ele suporta o obstinado e perverso peca­dor, apesar da sua persistente desobediência. Na sua lon­ganimidade e misericórdia, Deus suporta o pecador em seu estado de pecado, apesar das suas admoestações, chaman­do-o ao arrependimento (Ex 34.6; Sl 86.15; Rm 2.4; 9.22; 1 Pd 3.20; 2 Pd 3.15).

8. A Santidade de Deus

A santidade de Deus é a soma de todos os seus atribu­tos morais, e expressa a majestade da sua natureza. Há quem diga ser a santidade o atributo enfático de Deus. Se é verdade que exista qualquer diferença em grau de impor­tância entre os atributos morais de Deus, a santidade ocu­pa o primeiro lugar. Nas visões que Deus concedeu ao seus santos nos dias do Antigo Testamento e na exploração da doutrina bíblica no Novo, o que mais se salienta é a santi­dade divina (Lv 11.45; Jo 24.19; Is 6.3; 1 Sm 2.2; S l 5.4; 11.4; 145.17; Is 43.15; Jr 23.9; Lc 1.49). Por cerca de trinta vezes o profeta Isaías se refere a Jeová, chamando-o de “o santo”, apontando o significado daquelas visões que mais o impressionaram. Deus deseja ser conhecido essencialmente por sua santidade, pois esse é o atributo pelo qual Ele é melhor glorificado. Conceitos superficiais de Deus e da sua santidade resultam em con­ceitos superficiais do pecado e da necessidade da expiação.

A santidade de Deus significa a sua absoluta pureza moral. Indica que Ele não pode pecar, nem tolerar o peca­do. Na sua santidade, Deus aborrece o pecado, ainda que ame o pecador. Uma vez que o sentido original da palavra “santo” é “separado”, em que sentido está Deus separado de alguém ou de algo? Ele está separado do homem quanto ao espaço: Ele está no Céu, e o homem na Terra. Ele está separado do homem quanto à sua natureza e caráter: Ele é perfeito, o homem é imperfeito. Ele é divino, o homem é humano e carnal. Ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso. Continuar lendo…

Redes sociais
43 visualizações

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *