O Batismo Com o Espírito Santo - III » Tifsa Brasil

O Batismo Com o Espírito Santo – III

O evento do batismo com o Espírito Santo não deveria surpreender, nem confundir os estudantes das Escrituras, pois é uma bênção já prometida, relacionada com o plano divino da salvação em Cristo, predito por Joel, Isaías, João Batista e Jesus (At 2.16-18; Is 44.3; Mt 3.11; Jo 14.16,17).

1. O Dia de Pentecostes

O dia de Pentecostes foi um dia singular para a Igreja e continua sendo; é que nesse dia aprouve a Deus, por intercessão de Jesus Cristo, enviar o Espírito Santo, a ocupar no mundo e de forma mais precisa, no seio da Igreja, uma posição sem paralelo em toda a história da humanidade. Nesse dia cerca de cento e vinte frágeis discípulos de Jesus foram cheios do Espírito Santo e dotados do poder de tes­temunhar do Evangelho.

Como resultado da experiência do Pentecostes, Pedro pregou com tal autoridade, que cerca de três mil preciosas almas se renderam aos pés de Jesus. Com autoridade sobrenatural acusou os seus ouvintes judeus de haverem entregue à morte o Filho de Deus, e exortou-os a se arrependerem de seus pecados. Isto disse como prelúdio, para logo informar-lhes de que a conversão a Cristo resultaria em receberem a mesma experiência que observavam, com sinais poderosamente evidentes (At 2.14-41). Atente com interesse para este fato. Pedro proclamou ter a promessa do batismo com o Espírito referência a todos os homens e não somente àqueles que constituíam a assembleia ali reunida.

2. Para Quem é a Promessa?

“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor cha­mar” (At 2.38,39). De acordo com estas palavras de Pedro, note a exten­são e alcance da promessa do batismo com o Espírito San­to:

1° A promessa é para vós – os judeus ali presentes, re­presentando os demais compatriotas, isto é, a na­ção com a qual Deus fizera a antiga aliança.

2° Para os vossos filhos -os que existiam então e as gerações sucessivas.

3° Para todos os que ainda estão longe,isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar – para todos, universalmente, para os gentios e para qualquer indivíduo que responda à chamada de Deus, atra­vés do Evangelho para a salvação em .Cristo.

A promessa de Atos 2.39 indica que a gloriosa expe­riência do batismo com o Espírito Santo foi designada por Deus para todos os crentes, desde o dia de Pentecostes até o fim da presente dispensação.O enchimento do Espírito Santo, assinalado pelo falar noutras línguas, como aconteceu no dia de Pentecostes, de­veria ser o modelo para essa experiência, para qualquer in­divíduo, através da dispensação da Igreja.

3. À Natureza Deste Batismo

Várias palavras e expressões são usadas na Bíblia para simbolizar e descrever a vinda do Espírito Santo aos cren­tes, e seu ministério através destes. Algumas dessas ex­pressões, são:

a) Derramamento

Esta expressão das Escrituras é usada frequentemente para designar a vinda do Espírito Santo à vida do crente. O sentido original da palavra se refere à comunicação de alguma coisa vinda do céu, com grande abundância..(Jl 2.28,29).

b) Batismo

O recebimento do Espírito Santo é figurado como ba­tismo: uma total, gloriosa e sobrenatural imersão do Divi­no Espírito, o que revela a maneira gloriosa como o Espíri­to Santo envolve, enche e penetra a alma do crente. Assim todo o nosso ser se torna saturado e dominado com a pre­sença refrigeradora de Deus, pelo seu Espírito Santo.

c) Enchimento

Quando o Espírito veio sobre os discípulos no cenáculo, foram cheios do Espírito. Evidenciaram estar cheios, a ponto de parecerem estar “embriagados” (At 2.3).

Esse enchimento não se deu em gotas, caídas como que através dum crivo. Não. No Pentecostes a plenitude do Espírito os encheu inteiramente, de tal modo que anda­vam de um lado para outro, falando em novas línguas.

4. Evidência do Batismo com o Espírito Santo

Todos os casos de batismos com o Espírito Santo rela­tados no livro de Atos, constituem uma sólida base para a afirmação de que o falar em línguas estranhas é a evidên­cia física inicial de que o crente foi batizado com o Espírito Santo. Detenhamo-nos um pouco em analisar os cinco ca­sos distintos como são apresentados no referido livro.

a) No Dia de Pentecostes

“E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Esta foi a primeira manifestação do Espírito Santo, após Jesus ter dito: “…e vós sereis batizados com o Espíri­to Santo, não muito depois destes dias” (At 1.5). A demonstração comum ou evidência física inicial de que todos os presentes no cenáculo foram cheios do Espírito Santo, foi que todos falaram em línguas estranhas; línguas que não haviam aprendido, faladas, portanto, pela operação sobrenatural do Espírito Santo.

b) Entre os Crentes Samaritanos

“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ou­vindo que Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre ne­nhum deles tinha ainda descido, mas somente eram bati­zados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo” (At 8.14-17).

Ainda que o texto bíblico citado não mostre explicita­mente que os samaritanos hajam falado em línguas estra­nhas como evidência do batismo com o Espírito Santo, es­tudiosos das Escrituras são da opinião de que eles tenham falado em línguas; pois, se não houvesse a manifestação das línguas, como os apóstolos teriam notado a diferença entre eles antes e depois da oração com imposição de mãos? Lucas diz que “Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofere­ceu dinheiro…”(At 8.18). Simão não seria suficientemente tolo a ponto de pro­por dinheiro para adquirir poderes para realizar operações espirituais abstratas. Ele almejava poderes para operar fe­nômenos como os que ele via e ouvia naquele momento.

c) Sobre Saul em Damasco

“E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo, e logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado” (At 9.17,18). Também no caso de Saulo, o texto bíblico não diz ex­plicitamente que ele tenha falado em línguas, porém diz que ele foi cheio do Espírito. Ora, se é válido admitir que ele foi cheio do Espírito Santo naquele momento, por que, então, duvidar que ele haja falado em línguas? Do punho do próprio Paulo lemos as seguintes palavras: “Dou graças a Deus, porque falo mais línguas do que vós todos” (1 Co 14.18).

d) Em Casa do Centurião Cornélio

“E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espíri­to Santo sobre todos que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pe­dro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam fa­lar línguas, e magnificar a Deus” (At 10.44-46). Foi a ênfase dada por Pedro e seus companheiros a que os gentios em Cesaréia haviam recebido o dom do Espírito Santo, tal qual eles no dia de Pentecostes, que apa­ziguou os ânimos dos apóstolos em Jerusalém, de sorte que disseram: “Na verdade até aos gentios deu Deus arrepen­dimento para a vida!”(At 11.18).

e) Sobre os Discípulos em Êfeso

“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.6). Observe: vinte anos após o dia de Pentecostes, o batis­mo com o Espírito Santo ainda era acompanhado com a evidência inicial de falar línguas estranhas. Esta evidência satisfazia não só a um dos requisitos da doutrina apostóli­ca quanto à manifestação do Espírito Santo, como tam­bém cumpria a promessa de Jesus: “Estes sinais seguirão aos que creem: falarão novas línguas” (Mc 16.17). Crisóstomo, um dos grandes mestres da Igreja antiga, afirmou, muitos anos após os dias de Paulo: “Quem quer que fosse batizado nos dias apostólicos, logo falava línguas: recebiam eles o Espírito Santo”.

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