Você está lendo o Didaqué: A Instrução dos Doze Apóstolos
(Ano 145-150 DC)
Esta é uma obra literatura genuinamente primitiva, que foi escrita na segunda metade do século I, da era cristã, cerca das décadas 60-90 d.C. Ele, é portanto vários postulados que foram elaborados pelos santos, com o objetivo de deixar os ensinos apostólicos do Novo Testamento mais aprimorados aos corações dos novos conversos. Esse pequeno documento nunca foi elaborado por papas, bispos ou padres da igreja Católica romana, da qual se diz detentora dos direitos autorais do Didaquê.
CAPÍTULO XI
1 – Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
2 – Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3 – Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.
4 – Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
5 – Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
6 – Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
7 – Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8 – Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
9 – Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.
10 – Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
11 – Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.
12 – Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
CAPÍTULO XII
1 – Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.
2 – Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.
3 – Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
4 – Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.
5 – Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!
CAPÍTULO XIII
1 – Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.
2 – Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.
3 – Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.
4 – Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
5 – Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6 – Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
7 – Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.
CAPÍTULO XIV
1 – Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.
2 – Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
3 – Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei – diz o Senhor – e o meu nome é admirável entre as nações”.
CAPÍTULO XV
1 – Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2 – Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
3 – Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no
Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.
4- Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.
O FIM DOS TEMPOS
CAPÍTULO XVI
1 – Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.
2 – Reúna-se com frequência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.
3 – De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.
4 – Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
5 – Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
6 – Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos.
7 – Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: “O Senhor virá e todos os santos estarão com ele”.
8 – Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.