Ao aprisionamento de Satanás seguir-se-ão mil anos de paz e de governo perfeito sob o reinado de Sua Majestade, o Senhor Jesus Cristo, assinalando o começo duma nova dispensação. Esse período de mil anos de governo de Jesus Cristo ainda não é o princípio de um mundo novo, mas tão somente o fim de um mundo antigo. O que o sábado judaico é para a semana, assim será o Milênio para a era presente. Haverá um governo perfeito durante o reino milenial de Cristo e seus santos; mas não haverá um mundo perfeito (Ef 1.10). No seu aspecto mais abrangente, o Milênio terá os seguintes propósitos:
-Fazer convergir em Cristo todas as coisas, isto é, toda a criação (1 Co 15.24-28).
-Estabelecer a justiça e a paz na terra, eliminando toda rebelião contra Deus (Is 2.3; 60.20; Zc 8.3,22,23; 14.16; Jr 3.17).
-Fazer convergir nele (o Milênio) todas as alianças da Bíblia.
-Fazer Israel ocupar toda a terra que lhe pertence e fazê-lo cabeça das nações.
-Cumprir as profecias a respeito do Messias.
-Satisfazer o anseio dos filhos de Deus que estão continuamente a orar: “Venha o teu reino”.
1. Quem Participará do Milênio
Dois grupos de povos distintos tomarão parte no Milênio: os crentes glorificados, consistindo dos santos do Antigo e do Novo Testamento, da Igreja triunfante, dos santos oriundos da Grande Tribulação; e os povos naturais, em estado físico normal, vivendo na terra, a saber: judeus salvos saídos da Grande Tribulação, gentios poupados no julgamento das nações, e o povo nascido durante o Milênio propriamente dito. No estado glorificado, os salvos não estarão limitados à terra. Seus corpos ressurretos não estarão sujeitos às limitações do tempo e do espaço como quando estavam em seus corpos mortais. Pelo contrário, serão como os anjos, dotados de corpos espirituais, não sujeitos às limitações da matéria.
2. O Milênio em Relação a Israel
Uma vez que um grande e majestoso templo deverá ser construído em Jerusalém durante o Milênio, é admissível que alguns dos sacrifícios do Antigo Testamento ve nham a ser oferecidos a Deus aí. A diferença básica entre esses sacrifícios a serem oferecidos e os oferecidos nos dias do Antigo Testamento, é que esses apontavam para o que Jesus haveria de fazer, enquanto que aqueles são um memorial do que Jesus já fez. Além da restauração e revigoramento do culto a Deus, em Jerusalém, Israel alcançará muitas outras bênçãos no Milênio, dentre as quais se destacam a plena posse da terra prometida, e o privilégio da nação vir a ser uma bênção para todo o mundo da época. Jerusalém será a sede do governo milenial e mundial de Cristo (Is 22; Mq 4.2). De Jerusalém sairão tanto as diretrizes religiosas como as leia civis para o mundo. Os grandes centros de decisões políticas do mundo atual, caso ainda existam no Milênio, cederão ao poder e ao esplendor emanentes de Jerusalém. Pois, diz a Bíblia que tanto a “lei” como “a palavra do Senhor” sairão de Jerusalém (Is 2.3; Zc 8.20-23).
3. O Milênio em Relação à Igreja
No Milênio a Igreja estará glorificada com Cristo na Jerusalém celeste. A Igreja exercerá a co-regência com Cristo durante esse período áureo da história da humanidade. Revestidos dum corpo glorioso e glorificado, os salvos estarão acima das limitações do tempo e do espaço sujeitos quando ainda em seus corpos mortais. Terão um corpo como o de Cristo ressurreto, que se locomove sem obstáculos e sem barreiras. Assim como na transfiguração de Cristo, Moisés e Elias não estavam sujeitos às limitações físicas, de igual modo os componentes da igreja, no Milênio não estarão sujeitos a essas limitações. Em todas as passagens que aludem à Igreja no Milênio, os salvos são sempre designados como em glória, glorificados e em lugares sublimes com o Senhor. Evidentemente tudo quanto imaginarmos e dissermos acerca da glória futura da Igreja, está mui aquém do que isso realmente significa.
4. O Milênio em Relação ao Mundo em Geral
Durante o Milênio o mundo será saturado do conhecimento de Deus. Caravanas procedentes das mais diferentes nações irão a Jerusalém buscar a lei do Senhor (Ez 39.29; 36.27). Certamente que o pecado não será de todo erradicado da terra. Não. A natureza humana continuará a mesma, porém, devido ao aprisionamento de Satanás e às bênçãos do reinado e da presença pessoal de Cristo, ninguém estará impossibilitado de se submeter ao senhorio de Jesus Cristo. Serão tantas as facilidades e condições e obediência a Cristo, que ninguém poderá se desculpar em não lhe obedecer. Quanto à maneira como os habitantes da terra nesse tempo serão visitados pelo Senhor, diz o próprio Deus: “Já não esconderei deles o meu rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus … Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Is 2.4). Durante o Milênio, o antagonismo será removido de entre os homens. A ciência e o progresso atingirão o seu apogeu e alcançarão o fim a que se propuseram. Fronteiras já não existirão como obstáculos à penetração de estrangeiros. As casas já não precisarão de fechaduras e cadeados. Moléstias tais como o câncer, a lepra e a AIDS já não ceifará vidas na proporção que conhecemos hoje. Não haverá mortandade entre as crianças.
As nações já não necessitarão de exércitos armados para guarnecer as suas fronteiras, pois “estes converterão as suas espadas em relhas de arados, e suas lanças em podadeiras: uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Rm 8.19-22). No Milênio, a própria terra, como habitat do homem, passará por transformações que alterarão sensivelmente, para melhor, o seu clima e a sua produtividade. De igual modo os animais sofrerão mudança na sua natureza durante essa época áurea. A ferocidade deles será removida para dar lugar à docilidade. Não mais se atacarão, nem representarão qualquer ameaça ao homem. Toda a criação, afetada que foi pela queda do homem, de igual modo participará das bênçãos decorrentes do governo milenar de Cristo (Ap 20.7).