O Estudo Da Teologia - A Existência De Deus I » Tifsa Brasil

O Estudo da Teologia – A Existência de Deus I

Introdução

Não obstante ser um livro que trata essencialmente de Deus e do seu relacionamento com o homem, a Bíblia não tem como propósito primeiro provar a existência de Deus fato indiscutível e pacífico no decorrer de toda a narrativa bíblica.Assim como a Bíblia, a Teologia não se propõe a disse­car o ser de Deus, mas a apresentá-lo ao nível da com­preensão humana. É evidente que Deus como um Ser eter­no, onisciente, onipotente, onipresente e santo, jamais po­deria ser aquilatado na sua plenitude pelo homem cuja ca­pacidade é mui limitada em si mesma. Se a Bíblia diz que os céus, nem os céus dos céus pode conter a Deus (1 Rs 8.27), como que a nossa ínfima compreensão seria capaz de aquilatá-lo? Comece por onde começar a nossa pesquisa do Ser divi­no, ela sempre esbarrará na declaração de Jesus à mulher samaritana: “Deus é Espírito…”(Jo 4.24).

I – A Existência de Deus

Só tem sentido falar da existência de Deus, se cremos, realmente, que Ele existe. No estudo deste assunto, a Bíblia é infinitamente rica e definida. Ela não supõe ape­nas que há algo, alguma coisa, alguma ideia ou tendência a que se deve dar o nome de Deus.Absolutamente! Deus existe! Este é o insofismável testemunho das Escrituras.

1. Formas de Negação da Existência de Deus

Aqueles que se dão ao estudo comparativo das reli­giões são unânimes em afirmar que a crença na existência de Deus é de natureza universal. Essa crença acha-se ar­raigada até entre as nações e tribos mais remotas da terra. Contudo, isto não quer dizer que não existam aqui e ali pessoas que negam completamente a existência de Deus como revela a Escritura.Dentre as mais variadas formas de negação da exis­tência de Deus, destacam-se as seguintes:

a) O Ateísmo

Entre as pessoas que negam a existência pessoal de Deus, estão os ateus. Destes, destacam-se duas classes: os ateus práticos e os ateus teóricos. Os primeiros são sensi­velmente gente sem Deus, que, na vida prática, não reco­nhecem a Deus, e que vivem como se Deus de fato não existisse, “… que não há Deus são todas as suas cogita­ções” (Sl 10.4). Os outros são geralmente uma classe mais intelec­tual, e baseiam sua negação da existência de Deus no de­senvolvimento de um raciocínio meramente humano. Tra­tam de provar por meios que eles consideram argumentos razoáveis e conclusivos que Deus não existe.

b) O Agnosticismo

A palavra agnosticismo vem duma palavra de origem grega, que significa “não saber”. O agnóstico crê que nem a Criação, e nem mesmo os alegados fatos quanto à existência de Deus podem fazê-lo conhecido. O adepto do agnosticismo diz crer unicamente no que pode ver e tocar. Assim, todas as demais coisas, incluindo a fé em Deus, são relativas. Isto é, o homem não pode saber qual­quer coisa sobre Deus, haja vista que as alegadas provas de sua existência estão fora do domínio das coisas materiais.

c) O Deísmo

O deísmo admite a existência de Deus, contudo rejeita por completo a sua revelação à humanidade. Para o deís­mo, Deus não possui atributos morais nem intelectuais, sendo até duvidoso que Ele tenha influído na criação do Universo. Noutras palavras, o deísmo é a religião natural baseada no raciocínio puramente humano.

d) O Materialismo

O materialismo declara que a única realidade é a ma­téria. O homem seria um animal apenas, por isso mesmo não é responsável por suas atitudes e atos. Ele ensina que os diferentes tipos de comportamentos físicos e psíquicos humanos são simplesmente movimentos da matéria. Por conseguinte, o homem não tem de que nem a quem prestar contas. Ora, se o homem, a obra máxima da criação divina, não é aquilo que a Bíblia diz ser, todos os perenes valores ex­pressos nas Escrituras, inclusive os relacionados com a exis­tência de Deus, são nulos.

e) O Panteísmo

O panteísmo ensina que no Universo Deus é tudo e tudo é Deus. Deus não é só parte do Universo, Ele seria o próprio Universo. O Hinduísmo é adepto deste falso ensi­no. O erro filosófico e religioso do panteísmo é confundir o Criador com a Criação.”Para assegurar categoricamente a não-existência de Deus, o homem procura usurpar prerrogativas divinas tais como: a sabedoria e a onipresença de Deus. Terá de explo­rar até os confins do Universo para estar certo de que Deus está ali. Há de interrogar a todas as gerações da humani­dade e todas as hierarquias do Céu, para estar certo de que eles nunca ouviram falar de Deus” (Teologia Elementar – Imprensa Batista – Pág. 19).

2. Provas Bíblicas Quanto à Existência de Deus

Ainda que a teologia ortodoxa e conservadora tem a existência de Deus como fato plenamente razoável, inde­pendentemente da fé, não se propõe a demonstrá-la por meio de argumentos lógicos.

a) “No princípio… Deus…”

A Bíblia não é nenhum diário de Deus, reunindo as­sim todas as indagações da mente humana sobre Ele. Há nela, sim, o suficiente à mente finita do crente. Suas pri­meiras palavras declaram enfática e inequivocamente: “No princípio… Deus…”(Gn 1.1). A pessoa que para provar a existência de Deus, vai além do que a Bíblia diz e do que a Criação testifica, pode chegar a resultados inúteis e desnecessários. Inúteis se não der crédito que Deus é galardoador dos que o buscam. Des­necessário, porque tende a forçar uma pessoa que não tem fé, a crer em Deus apenas por meio de argumentos lógicos. Ora, esse tipo de fé é apenas de conveniência, e não honra a Deus, uma vez que não vem por Ele. É fé humana que não alcança a revelação divina.

b) Fé na Revelação Bíblica

O cristão aceita por fé a verdade quanto à existência de Deus, segundo a revelação contida nas Escrituras. Não se trata de fé cega, mas da fé que se baseia na revelação de Deus através de Jesus Cristo e da sua Palavra inspirada.A Bíblia não só revela Deus como o Criador e sustentador de todas as coisas (Gn 1.1), como o Dirigente dos destinos dos indivíduos e das nações (Mt 6.26; Lc 12.24; Hb 1.3). A Bíblia afirma ainda que Deus fez todas as coisas segundo o conselho de sua vontade (Ef 1.11), re­velando assim a realização gradual de seu grande e eterno propósito de redenção.

3. Deus Estava em Cristo

Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo escre­veu que “Deus estava em Cristo” (2 Co 5.19). Desse modo temos na Pessoa de Cristo a maior expressão da existência de Deus; a maior revelação que o próprio Deus podia oferecer de si mesmo ao homem.O autor da epístola aos Hebreus fala acerca de Jesus Cristo, dizendo ser Ele “o resplendor da glória e a expres­são exata do seu ser [isto é, do próprio Deus], sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da ma­jestade nas alturas…”(Hb 1.3). É evidente que Deus se tem revelado doutras manei­ras, mas através de Jesus é que Ele nos oferece a maior re­velação de si mesmo. Em diferentes pontos do Novo Testa­mento, principalmente no Evangelho de João, Jesus se de­clara igual ao Pai quanto à sua essência, natureza e eterni­dade. Em Mateus 1.23, Cristo é identificado como Deus entre os homens. Cristo foi em carne tudo aquilo que Deus aprouve re­velar de si mesmo ao homem, sendo essa a maior prova não só da sua eterna existência, mas também do seu amor pela pobre humanidade caída.

4. Argumentos Racionais da Existência de Deus

No transcorrer dos tempos, filósofos e pensadores têm buscado na filosofia, argumentos racionais sobre a existên­cia de Deus. Alguns desses argumentos vêm de Platão e Aristóteles, filósofos gregos que viveram há mais de trezen­tos anos antes de Cristo. Outros argumentos foram formu­lados em tempos modernos pelos estudiosos da filosofia da Religião. Desses argumentos, os mais conhecidos são os se­guintes:

a) O Argumento Ontológico

Este argumento tem sido apresentado de diversas for­mas, por diferentes pensadores. Em sua mais refinada for­ma, foi apresentado por Anselmo, teólogo e filósofo agostinista italiano. Seu argumento é que o homem tem imanente em si a idéia de um ser absolutamente perfeito e, por conseguinte, deve existir um ser absolutamente perfeito. Este argumento admite que existe na mente do próprio ho­mem o conhecimento básico da existência de Deus, posto lá pelo próprio Criador.

b) O Argumento Cosmológico

Este argumento tem sido apresentado de várias for­mas. Em geral encerra a idéia de que tudo o que existe no mundo, deve ter uma causa primária ou razão de ser. Emanuel Kant, filósofo alemão, indicou que se tudo que existe tem uma razão de ser, isto deve ter um ponto de ori­gem em Deus. Assim sendo, deve haver um Agente único que equilibra e harmoniza em si todas as coisas.

c) O Argumento Teológico

Este argumento é praticamente uma extensão do an­terior. Ele mostra que o mundo ao ser considerado sob qualquer aspecto, revela inteligência, ordem e propósito, denotando assim a existência de um ser sumamente sábio. Por exemplo, o homem para viver, consome o ar, do qual retira todo o oxigênio, resultando disso o dióxido de carbono, inútil ao ser humano. As plantas, por sua vez, conso­mem o dióxido como elemento essencial, e produzem daí o oxigênio, que será novamente consumido pelo homem.

d) O Argumento Moral

Este, como os outros argumentos, também tem diver­sas formas de expressão. Usando este argumento, Kant partiu do raciocínio que deduz a existência de um Supre­mo Legislador e Juiz, com absoluto direito de governar e corrigir o homem. Esse filósofo era da opinião de que este argumento era superior a todos os demais. No intuito de provar a existência de Deus, ele recorria a tal argumento. A teologia moderna utiliza o mesmo argumento afirmando que o reconhecimento por parte do homem de um bem su­premo e o seu anseio por um moral superior indicam a exis­tência de um Deus que pode converter esse ideal em reali­dade.

e) O Argumento Histórico

A exposição principal deste argumento é a seguinte: Entre todos os povos e tribos da terra é comum a evidência de que o homem é um ser potencialmente religioso. Sendo universal este fenômeno, isso é parte constitutiva da natu­reza do homem. E se a natureza do homem tende à prática religiosa, isto só encontra explicação em um Ser superior que originou tal natureza que sempre indica ao ho­mem esse Ser superior. É aqui que milhões de pessoas, orarem o único e verdadeiro Deus, se entregam à práti­ca de religiões as mais exóticas e estranhas. É o anseio da alma na busca do Criador que ela ignora, por dele ter se afastado (Rm 1.20-33).

5. O Testemunho do Espírito Santo no Crente

O cristão tem dificuldade de entender como tão facil­mente certas pessoas negam a existência de Deus. Profes­sores abalizados, cientistas, filósofos, pensadores, e até certos teólogos, refutam a ideia da existência de um Deus pessoal, real e eterno.Essas pessoas têm fechado os seus olhos para as abundantes evidências da existência de Deus, contidas no livro da sua lei – a Bíblia, e no seu livro da Natureza. Aceitam a mentira em detrimento da verda­de. Neles se cumprem as palavras de Romanos 1.22,28; 1 Timóteo 4.1 e 2 Tessalonicenses 2.10-12.

a) Como provar a realidade de Deus?

Não se pode provar a existência de Deus por meios na­turais assim como se prova a exatidão dum teorema mate­mático, ou de uma realidade química, cujos resultados se­rão sempre os mesmos. Por exemplo, em geometria des­cobrimos que a soma de três ângulos de um triângulo é sempre 180 graus. Em química a combinação de sódio e cloro resulta em cloreto de sódio (sal comum). Essas con­clusões são fatos, e não meras especulações. Ontem, hoje e sempre a composição desses elementos terá sempre o mes­mo resultado.Agora, quanto à realidade de Deus, só podemos nos apropriar pela fé, procurando-o pelos rastros que, Ele mes­mo deixou em nossa alma. Para isto contamos com a po­tente e constante operação do Espírito Santo que em nós habita.

b) O Espírito Santo Revela Deus

A Bíblia apresenta o Espírito Santo como o “Espírito da verdade” e como aquele que testifica com o nosso espí­rito de que somos filhos de Deus (Rm 8.16,17). Para aqueles que creem na veracidade do testemunho do Espírito Santo, isto é bastante. Ora, se Deus não fosse real, como iria o Espírito le­var-nos a crer sermos filhos do abstrato ou do inexistente? Deus é invisível, mas não irreal. Deus é Espírito, mas não inexistente. O crente pode senti-lo. Continuar lendo…

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