É o terceiro filho de Davi, nascido de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur, em Hebrom (2 Sm 3.2,3. 1 Cr 3.1,2). O autor do livro no qual ocorrem as narrativas de Absalão (2 Sm 13-19) está primeiramente preocupado com os atos justificados do Senhor nos anos em que foi formada a dinastia de Davi. Para o autor, Salomão (e não o primogênito Amnom, nem o terceiro filho, Absalão, nem o quarto, Adonias etc.) foi o escolhido de Deus para ser o sucessor de Davi, Uma apreciação dessa ênfase ajuda a explicar a escolha de dois eventos da vida de Absalão (o assassinato de Amnom, 2 Samuel 13.1-38; e a conspiração e rebelião de Absalão, 2 Sm 13.39-19.8) que o levaram a ser preterido em relação aos demais. A intenção do escritor é mostrar como o Senhor castigou Davi pelo adultério e assassinato, mas conservou sua promessa de perpetuar a dinastia de Davi (anunciada por Natã em 2 Samuel 12.10-14; 7.12-16). Natã anunciou três maneiras pelas quais Deus iria punir Davi: (1) O filho de Bate-Seba (2 Samuel 11.27, e possível herdeiro do trono) iria morrer (2 Sm 12.14).
Quem sucederia a Davi? Talvez Amnom? Incitado por Jonadabe (seu “amigo”, 2 Samuel 13.3-7, um “confidente da corte”, cf. Husai, “amigo” de Davi, 2 Sm 15.37; 16.16; 1 Cr 27.33) Amnom estuprou sua meia irmã (irmã de Absalão) Tamar; e (tendo Davi fracassado em vingar esse ato) dois anos mais tarde Absalão provocou a morte de Amnom e em seguida fugiu para a casa de seu avô materno. Será, então, que o sucessor de Davi poderia ser Absalão? Cinco anos se passaram até que Davi o reintegrasse totalmente. Mas, Absalão movimentou-se rapidamente para conseguir o trono. Adotando costumes pagãos (que lhe foram ensinados por Talmaí?) ele apareceu em público em uma carruagem escoltada por um cortejo de corredores. Ele assegurou a simpatia das dez tribos do norte fazendo-se passar por seu defensor. Dentro de quatro anos (na LXX não consta 40 anos aparentemente devido a uma interpretação errada de um copista hebreu que escreveu ’arba‘ im shanah ao invés de ’arba‘ shanim em 2 Samuel 15.7), sob o pretexto de cumprir um voto, Absalão foi a Hebrom e reclamou o título de “rei” (2 Sm 15.10); em seguida, apoderou-se de Jerusalém para ser sua capital. Mas seu sucesso teve fim quando Joabe mandou matá-lo, (desafiando uma ordem explícita de Davi) na floresta de Efraim.
Finalmente, será que o sucessor de Davi poderia ser Adonias? Ele havia tentado se apoderar do trono na velhice de Davi, mas foi abertamente denunciado pela nomeação aberta de Salomão (filho de Bate-Seba!) por parte do idoso rei. (2) A espada não se apartaria da casa de Davi (2 Sm 12.10). Absalão trouxe a morte a Amnom por ter estuprado sua irmã; Joabe mandou assassinar Absalão por conspiração e rebelião e Benaia matou Adonias por ter pedido a mão de Abisague (1 Rs 2.13-25). (3) Alguém da própria casa de Davi iria conspirar contra ele e tomar publicamente suas concubinas (2 Sm 12.11,12), Absalão conquistou o coração dos homens de Israel (2 Sm 15.6), proclamou-se rei em Hebrom e apoderou-se de Jerusalém sem qualquer batalha. Seguindo o conselho de Aitofel, coabitou com as dez concubinas de Davi (o que se tornou público) e com isso fortaleceu sua pretensão ao trono e confirmou seu completo domínio sobre o império de Davi (2 Sm 16.20-23). Mas, apesar da magnitude dos pecados de Davi e do período de incertezas relacionado à identidade de seu sucessor, Deus permaneceu fiel à sua promessa de que a dinastia de Davi se estabeleceria para sempre em Israel. Salomão tomou-se rei em lugar de seu pai (1 Rs 1).