10 de maio, fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem amável! Se eu soubesse que ele era tão amável, eu teria ido na delegacia na primeira intimação. […] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidade de delinquir do que tornar-se ultima pátria e ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz um relatório e envia para os políticos? O senhor Jânio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira.
Não posso resolver nem as minhas dificuldades… O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças. JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos,
a autora faz uma reflexão em que transparece a
A lição de vida comunicada pelo tenente.
B predisposição materna para se emocionar.
C atividade política marcante da comunidade.
D resposta irônica ante o discurso da autoridade.
E necessidade de revelar seus anseios mais íntimos.